Saturday, April 02, 2005

 

DIA 1 DE ABRIL-DIA DAS MENTIRAS

Ontem foi o dia das mentiras...Curiosamente não será muito diferente do resto dos outros dias do ano.Olho à minha volta e vejo, oiço e sinto tudo menos verdade(s).
Vivemos num tempo de mentira, numa atmosfera entre as pessoas onde vale tudo. Não é só um faz de conta sem maldade, é mesmo um vale tudo!
Não é como no mundo da Alice no País das Maravilhas onde era tudo "faz de conta" e onde valia tudo e tudo poderia ser real por ser um a fingir de maravilha.
Mas no nosso mundo, no nosso tempo, nesta nossa vida de agora não é assim.
O nosso agora é vivermos no tempo do vale tudo.
E isso confunde muito. Confunde-me muito.Baralha-me e não traz tranquilidade e crédito(não o bancário) na vida, nos outros, no mundo, nas relações entre as pessoas, na rua, no metro, nas lojas, nos empregos, nos cafés, à entrada e saída dos elevadores, nas escadas que subo para ir para casa...A mentira já não é considerada mentira como até há uns anos.
Afinal, coisas que achávamos mentiras confrontam-se com o estatuto de verdadeiro, pois os impossíveis - antigamente mentiras se alguém as contasse - tornaram-se verdade nos dias de hoje e de agora.
E não me refiro só às "maravilhas tecnológicas" mas aos usos e costumes.
A mentira perdeu o peso que tinha, a força ética e moral que a sustentava e banalizou-se. Ao ponto de não conseguirmos, muitas vezes, distingui-la da verdade e de nem sequer conseguirmos apurar até que ponto é efectivamente mentira.A ficção tornou-se realidade, ao ponto de acreditarmos que tudo é possível.Um robot que lê o jornal e limpa a casa.Um telemóvel que detecta quem usa Diu's, um comando electrónico ligado a câmeras fotográficas para espiar quem e o que está a acontecer em casa, eu sei lá!
Assim, a mentira anda de braço dado com a verdade. Nunca sabemos se isto, aquilo ou a outra coisa passaram a existir e a ser possível e, assim, a ser verdade.
E viver assim custa. Esta é mais uma das razões pelas quais custa mais viver agora do que antigamente. Não é só esta. Mas é uma.
E é também uma das razões pelas quais é muito mais difícil educar os miúdos, principalmente os adolescentes. Temos que vestir a pele do Coelho da Alice mas, ao mesmo tempo mantermo-nos do lado de cá do Espelho.



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